Você sabe o que são doenças psicossomáticas?


Dor de cabeça sempre que precisa entregar um trabalho? Gastrite por causa de apertos financeiros? Febre quando termina a relação? Nada disso é frescura: entenda as doenças psicossomáticas.

Quem nunca teve uma dor de cabeça depois de receber uma notícia péssima? Ou pior: quantas vezes já ouviu por aí muitas reclamações de gastrite nervosa? As doenças psicossomáticas são aquelas orgânicas, mas que têm fatores psíquicos muito determinantes.


Você pode ter qualquer quadro orgânico e ter uma explicação para aquele quadro. Uma fratura ou uma infecção, por exemplo, você sabe de onde veio. Já as psicossomáticas são de origem psíquica, explica o psiquiatra da Unifesp José Atílio Bombana. Segundo ele, que também é psicoterapeuta, as somatizações são comuns a homens e mulheres, porém, elas são mais suscetíveis.

Hoje, muitos especialistas acreditam que a mente influencia em quaisquer doenças. Na verdade, todas as doenças são psicossomáticas, pois o aspecto psicológico está sempre envolvido. Se você for estender esse tipo de pensamento, tudo tem uma parcela psíquica. Mas é difícil garantir que a doença é fruto da mente. Toda patologia tem um soma de problemas orgânicos e psíquicos. Mas não há como afirmar categoricamente que elas provêm dos problemas emocionais. Seria muito simplório.

As doenças psicossomáticas mais comuns, segundo Bombana, são a gastrite, asma brônquica, hipertensão e psoríases (problemas de pele). Para descobri-las, é preciso avaliar o comportamento do paciente. Normalmente, o clínico detecta que tem algumas coisas que chamam atenção: o jeito da pessoa, estilo de vida, modo como se relaciona com os problemas e compromissos.

Situações comuns

A asma brônquica é muito comum em crianças, por exemplo. Se estão ansiosas, presenciando conflito entre os pais, isso desencadeia uma crise de asma. Quando o ambiente se modifica, o sintoma melhora, diz Bombana, que dá outro exemplo. Tem pessoas que têm uma gripe, ficam 3 dias em casa e melhoram. Em outras, a doença se prolonga, piora e causa outros problemas.

Outros quadros que também têm a ver com o psiquismo, mas não são exatamente doenças, também são muito comuns. Quando a pessoa está sob pressão, por exemplo, sente dores abdominais e até vômitos, e isso está relacionado ao nervosismo. Não é uma doença, mas é um sintoma que tem clara relação com os fatores emocionais.

Frescura?

Segundo o médico, nada disso é frescura. E não há como controlar. Quem costuma sofrer com isso começa a perceber que seu estado emocional influencia sobre seu corpo. Passam a notar que, dependendo do que elas estão vivendo, têm mais facilidade para adoecer. E, apesar de ter consciência, não há como evitar.

Quando o problema é eventual e passageiro, não há necessidade de se preocupar. Se você tiver uma dor de cabeça por causa de um trabalho complicado que precisa entregar, uma vez, é natural. Mas se a pessoa sofre com as dores toda vez que precisa entregar algo, está precisando de ajuda. Por isso, veja se as coisas que te causam esse mal-estar são realmente graves.

A terapia é uma grande ajuda para equilibrar as emoções e evitar patologias. E há quem necessite até de medicamentos. As pessoas que tem úlcera, bronquite e outros problemas constantes, precisam de tratamentos psicoterápicos e medicamentosos. O médico afirma que não se deve jamais ignorar o problema: vale a pena buscar ajuda para viver melhor.

Masoquismo?

Já viu algum caso de que quando a pessoa está próxima das férias, adoece? Ou tem uma viagem marcada e, exatamente no dia, fica gripada? A pessoa sabe que estará em contato com coisas prazerosas. É um paradoxo, pois ela deveria ficar ótima, certo? São mecanismos masoquistas, explica o médico, que declara que o ser humano tem apego às situações de sofrimento e dificuldade de viver situações prazerosas.

Todos nós temos um lado masoquista, mas em alguns são mais exagerados do que em outros, diz. O conselho dele é ficar atento à influência que essas características têm em sua saúde e qualidade de vida, para avaliar se não é hora de ir ao médico.

Boas dicas

Além de procurar ajuda médica, mudar o modo de vida é saudável e colabora muito. Tenha uma vida mais equilibrada. Não fique dedicada inteiramente ao trabalho. Tenha convivência social, faça atividade física, procure leitura, música ou algo que te agrade. Isso ajuda a pessoa a ficar mais calma e ter menos propensão a um quadro psicossomático.

O psiquiatra alerta que pessoas que têm exclusivamente atividades mentais são mais vulneráveis. Situações de prazer são necessárias e protegem a pessoa desses quadros.

Aconteceu comigo

Lúcia Tavares acredita que só fica doente por causa de problemas emocionais. Tanto que eu me trato com um médico homeopático, explica. E ela diz que sempre para e pensa no que pode ter causado uma doença. Nunca tenho gripe. Quando tenho, paro e reflito no que está acontecendo comigo. E sempre tem algo emocionalmente indigesto, conta a designer gráfica, de 43 anos.

Tive pneumonia por causa de problemas emocionais, lembra Bárbara Stefanelli, estudante, de 22 anos. Na época do cursinho, antes do vestibular, eu estava muito nervosa, ansiosa e estressada. Acabei tendo uma pneumonia. O médico, que é especializado em medicina oriental, me falou que quando estamos emocionalmente abalados, o pulmão é afetado. No meu caso, afetou mesmo.

Menos grave, mas também nitidamente emocional, foi a febre de Carla Lopes. Quando um namorado terminou comigo, eu tive febre alta e ínguas, conta a analista de exportação, de 23 anos. Fiquei cheia daquelas bolinhas no pescoço e atrás das orelhas. Depois de um tempo, passou – não por acaso – junto com a dor de cotovelo.

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